quinta-feira, 29 de novembro de 2007

sem intenção

corre pra entrar no mar, que tem medo de água fria, e se molhar o pézinho antes de entrar não entra. corre pro mar e pula, sai pulando desajeitada, vira de costas quando a onda estoura e cai, é levada, mas vai entrando, com dificuldade, que é pequena e o mar é forte. vai sendo puxada... vai sendo levada... não sabe pra onde, mas vai, vem vindo a onda e ela é grande... grande demais! Mergulha e tenta alcançar a areia, sente o borbulhar sobre sua cabeça. é levada, mas só um pouco. e vai alcançando distancia com a ajuda da correnteza. tem dificuldade de nadar, é que... não sei o que ele sente, mas deve sentir alguma coisa, tem dificuldade de respirar, a água está muito salgada, tem que sentir alguma coisa, ele não é tão inalcansável quanto parece...passa um pouco da arrebentação, arrebenta o coração, vem onda atrás de onda, nem dá tempo de se recuperar. elas são cada vez maiores... acha que vai morrer, não vai conseguir sair nunca daquele mar, nunca... mas sai. vai voltando, devagar, com ajuda das ondas, arfando e mergulhando pra fugir do estouro. sai cambaleando das águas e cai na areia, mal pode respirar, está num êxtase supremo. nessas águas jamais vai perecer, pois é delas, filha

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

ninguém nunca vai saber

eu não sei exatamente como agir.
é ridículo como tudo parece estar de cabeça para baixo
a verdade é que estou triste, e não achei que fosse da forma como me foi descrita. achei que era bonito e especial, era isso. e será que é possível ter estado tão distante assim? pode minhas sensações serem tão diferentes das sensações externas? isso não faz o menor sentido. não faz. o que é Real??? Não pode ser toda a realidade reflexo interno!
pontuação não faz sentido mais não agora não pra mim
está certo, vou fingir que o mundo não desabou,
ignorar toda essa vontade louca e tentar dormir... é, eu vou.
Mas acho que não vou conseguir. Sinto vergonha de mim.

domingo, 25 de novembro de 2007

me sinto um monstro

Me sinto intrusa.
Intrusa em tudo.
Me sinto como aquela carta de tarô
[do menino olhando por trás das grades imaginárias.
Me sinto no lugar errado.
No lugar que eu não quero estar.

mais pra mim que pra você

Eu pensei em muitas coisas mas agora tudo meio que desabou.
Mesmo as vírgulas que me confundiam com tais espelhos, as lembranças da menina mais linda do mundo, a que só de existir me encanta e envergonha e causa um certo desconforto, que voltaram com o peso tempo... a estranha sensação de fim, que eu tentei escapar mas não deu certo e chorei, tudo desabou.
E meus olhos não se encheram de água por cansaço, cansaço de chorar por todas as outras coisas que pensei. Eu desabei por dentro.
Nunca quis te fazer chorar, desculpa.

sábado, 24 de novembro de 2007

do tal do tchau

Ficaria tudo bem, eu iria continuar andando, com ou sem ele, e quando o ônibus chegasse eu iria me despedir, da forma que fosse, subir e ir embora.
Mas não foi assim. E passei o resto do dia corroendo em culpa.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Quando se encontra

Espero no ponto da saída dessa velha estação, onde outrora você passou e parou e pediu a si mesmo Não Vá. Eu vi o trem chegar e não corri, eu dancei, esperei você reaparecer onde jamais imaginou que passasse um trem. E pego o trem errado procurando te encontrar, eu passo pelos móveis daquela praia, esquecida, tingida de brilho que quer ser estrela. Ninguém gostou
só nós. Você achou
confuso. Eu te peço
espera. Naquele tempo tudo parecia tão perto.
Eu ando pela ponte, eu tropeço na cruz, imito tua estrada, rodopio no poste-sustento do céu do sertão. E vejo o cartaz.
Um cartaz sem graça, sem nada, sem nome ou instrução. Um cartaz quase feio, sem jeito querendo não estar ali
Colado
Me confundo me perco me fundo me esqueço naquele cartaz.
Eu sou o cartaz colado, lacrado, sem graça, sem nada. Sem nome ou instrução
Quase feio, sem jeito querendo não estar ali,
Até dez de fevereiro e quando chegar, não precisa mais chorar, querido.
Vem lusa romaria nos salvar do nosso amor.
Faço do seu corpo minha espada, enfio no peito. Faço do seu corpo, espada, enfio no peito. Faço do seu corpo, amor, minha espada, enfio no peito. Mereço morrer
De desgosto? De gosto de te ter dentro de mim.
Eu ando na cruz, eu me perco na ponte, me esqueço do estrago, trago do seu cigarro. Faço conto-música, num tom diferente em lá. Um lá tão estranho, contrito, presente, pesado e denso – como dó – num jardim vitoriano, ou num metrô pós-contemporaneo, mas é preciso cuidado a rima destrói todo o sentimento, faz soar falso o mais puro alimento da horta.
Eu dou um giro na ponte, eu me encontro na cruz, eu caio da madrugada.
dou um giro no espaço e me entrego pra luz. É meu destino girar,
para eternidade girar, no infinito escuro da águia. E me perder nas palavras
de um tempo passado
Me peco no esquecimento, já não lembro seu nome, seu rosto, seu corpo e espaço infinito do todo. Que parte minha é do todo e que parte do todo é minha, ela suspirando, perguntou pra mim, num gozo sufocado, de roupa nova, na esquina de outra história. Lembrança passada voltou, e se atirou no mar.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

falar com ele é sempre bom.
e, ó, céus, como ele fala!

de tranquilizar

esquecer do nome
mas saber que ele sempre está
comigo está
guardado comigo
em alguma gaveta.


Eu estava me matando, ainda bem que percebi.