quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Quando se encontra

Espero no ponto da saída dessa velha estação, onde outrora você passou e parou e pediu a si mesmo Não Vá. Eu vi o trem chegar e não corri, eu dancei, esperei você reaparecer onde jamais imaginou que passasse um trem. E pego o trem errado procurando te encontrar, eu passo pelos móveis daquela praia, esquecida, tingida de brilho que quer ser estrela. Ninguém gostou
só nós. Você achou
confuso. Eu te peço
espera. Naquele tempo tudo parecia tão perto.
Eu ando pela ponte, eu tropeço na cruz, imito tua estrada, rodopio no poste-sustento do céu do sertão. E vejo o cartaz.
Um cartaz sem graça, sem nada, sem nome ou instrução. Um cartaz quase feio, sem jeito querendo não estar ali
Colado
Me confundo me perco me fundo me esqueço naquele cartaz.
Eu sou o cartaz colado, lacrado, sem graça, sem nada. Sem nome ou instrução
Quase feio, sem jeito querendo não estar ali,
Até dez de fevereiro e quando chegar, não precisa mais chorar, querido.
Vem lusa romaria nos salvar do nosso amor.
Faço do seu corpo minha espada, enfio no peito. Faço do seu corpo, espada, enfio no peito. Faço do seu corpo, amor, minha espada, enfio no peito. Mereço morrer
De desgosto? De gosto de te ter dentro de mim.
Eu ando na cruz, eu me perco na ponte, me esqueço do estrago, trago do seu cigarro. Faço conto-música, num tom diferente em lá. Um lá tão estranho, contrito, presente, pesado e denso – como dó – num jardim vitoriano, ou num metrô pós-contemporaneo, mas é preciso cuidado a rima destrói todo o sentimento, faz soar falso o mais puro alimento da horta.
Eu dou um giro na ponte, eu me encontro na cruz, eu caio da madrugada.
dou um giro no espaço e me entrego pra luz. É meu destino girar,
para eternidade girar, no infinito escuro da águia. E me perder nas palavras
de um tempo passado
Me peco no esquecimento, já não lembro seu nome, seu rosto, seu corpo e espaço infinito do todo. Que parte minha é do todo e que parte do todo é minha, ela suspirando, perguntou pra mim, num gozo sufocado, de roupa nova, na esquina de outra história. Lembrança passada voltou, e se atirou no mar.

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