segunda-feira, 15 de outubro de 2007

sufi

tento descrever a sensação. tento escrever o som, ele foge. fica o silêncio, me confundo, não sei o quanto conforta e quanto enlonquece. me pego no fundo. o silêncio, ele simplesmente é. e é tão intensamente, tão imensamente que impede que eu ouça qualquer som, tudo que está fora se esvai.
estou aqui, perdida no silêncio de mim mesma. no abismo do intervalo de tempo. não tem si, nem dó nem lá... me perdi, até mesmo, da solidão das outras notas. as cores, fortes, cegam meus olhos. a Luz, cega aos olhos desacostumados. Eu fecho. queria que as aguás invadissem meu rosto. gosto de me ver chorar, finjo que estão me vendo. Mas eu não preciso mais me mostrar bonita. Eu não choro nem me olho no espelho. Eu esqueço. não espero, não escolho, não existo junto ou sem ninguém. Me perdi dos números e das letras, e das frases, dos panos, e das ruas e das olheiras de madrugada que a insonia karmica me causou. Me abro por completo, deixo de ser Eu. Você me fazia falta, Deus.
Sou agora poeira de estrela, girando no cosmos.

Um comentário:

João disse...

Bem-vinda à noite das revelações onde a dor mais profunda da solidão é a mesma que recompõe nossa conexão com o cosmo...